Psiquiatra dá dicas sobre como os pais podem falar de drogas com seus filhos
Os transtornos desencadeados pelo uso de drogas atingem milhares de pessoas. Grande parte deles tem início na adolescência, um período marcado por transformações, desenvolvimento da identidade, independência e da aquisição de valores pessoais.
O último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), realizado pelo Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (INPAD), indica que praticamente metade dos jovens entre 14 e 25 anos consome álcool, taxa que é de 26% entre os menores de idade. Dos adolescentes e jovens que relataram beber, mais de um terço (36%) faz uso nocivo do álcool semanalmente. Ainda segundo o LENAD, em relação às drogas ilícitas, quase 5% da população jovem afirmou ter usado maconha, por exemplo.
“Hoje, ao mesmo tempo em que ampliamos as formas de comunicação, elas vêm se tornando cada vez mais superficiais, o que impactou também a comunicação entre pais e filhos, inclusive sobre temas delicados, como o uso de drogas. Porém, este é um assunto que, mediante o cenário atual, não pode ser deixado de lado”, afirma o psiquiatra Cláudio Jerônimo, diretor do Hospital Cantareira, unidade especializada no tratamento de dependência química. O psiquiatra afirma que, apesar de não existir uma regra infalível para falar sobre drogas com os mais jovens, seguir alguns princípios pode ajudar os pais a abordar esse assunto. Confira:
– Prepare-se para a conversa e saiba ouvir.
Com o grande número de informações disponíveis na internet é importante saber que seu filho ou filha poderá ter seus próprios argumentos sobre drogas. Assim, busque sempre estar bem-informado e preparado para falar sobre o assunto, mas não apenas isso: dialogar é importante, sabendo ouvir seu filho e suas opiniões, para estabelecer uma relação de confiança e poder orientá-lo adequadamente.
– Dê o exemplo.
Os filhos têm seus pais como os primeiros modelos a serem seguidos na vida. Assim, se o seu discurso não for condizente com suas atitudes, ele será desacreditado rapidamente.
– Não trate o tema como um tabu.
Não tenha receio de falar sobre drogas. É fundamental que este tema seja abordado com seus filhos. Para isso, é importante existir um espaço para diálogo na relação entre pais e filhos, com intimidade e confiança.
– Busque o momento certo para a conversa.
Esse não é um assunto que deve ser tratado como um compromisso profissional, com horário marcado. Introduza o tema em uma conversa naturalmente, no momento mais apropriado.
– A informação certa na fase certa.
É muito importante saber que tipo de informação você deve passar para seu filho, no decorrer de seu crescimento. No caso de crianças muito novas, fale pouco, cobrindo os aspectos gerais. Se for mais velho e adolescente, invista mais no assunto, ampliando o leque de informações abordadas.
– Não se assuste com opiniões.
Durante a conversa sobre um tema tão delicado quanto esse, os jovens podem emitir opiniões que choquem seus pais, sejam radicais, enfim. É muito importante não se espantar com essas colocações, não se exaltando e colocando sua opinião de forma serena e propícia ao diálogo.
– Seja firme em sua posição.
Os pais devem ser extremamente firmes e claros em suas opiniões e decisões, dizendo exatamente o que acham sobre o assunto. Não tenha receios e reforce sua opinião, pois seus filhos podem identificar, por meio de suas atitudes, que você não está sendo verdadeiro.
– Ofereça orientação.
Novamente, o espaço para diálogo é muito importante nas relações entre pais e filhos. Assim, busque sempre orientá-lo sobre o tema, inclusive indicando onde eles podem buscar informações sobre o assunto por conta própria (na escola, em sites, livros, etc.). Tenha noção de que caso você não indique um caminho, eles buscarão um, por conta própria.
TRATAMENTO
Hoje, poucas unidades no país oferecem este tipo de atendimento para jovens e adolescentes, o que constitui um grande obstáculo para quem precisa de tratamento. Desta forma, o Hospital Cantareira, instituição especializada em tratamento de dependência química de toda natureza e suas comorbidades, inaugurou uma enfermaria exclusiva para adolescentes masculinos, de 15 a 18 anos, que fazem uso abusivo de substâncias psicoativas e possuem comorbidades psiquiátricas.
“É importante lembrar que os fatores que motivam um adulto a procurar ajuda e a se manter no tratamento são diferentes dos que estimulam os mais jovens. Por isso, o projeto terapêutico deve ser diferenciado para esta faixa etária”, afirma o diretor do Hospital.
A unidade conta com uma equipe especializada neste tipo de atendimento, promovendo a fase inicial do tratamento da dependência química, a desintoxicação e estabilização psíquica, contando também com Pronto Atendimento 24 horas.
Além disso, o Hospital Cantareira oferece espaço para convivência, jardins, quadra, academia, salas para atividades manuais e para grupos terapêuticos. O nosso endereço é Av. Nova Cantareira, 3050 – Tucuruvi.
Mais informações sobre o tratamento podem ser obtidas pelos telefones (11) 2203-3222, (11) 2262-9922 ou pelo site www.cantareira.spdm.org.br.
