• 03 JUN 16
    80% dos internos da Fundação Casa são dependentes químicos

    80% dos internos da Fundação Casa são dependentes químicos

    Oitenta por cento dos internos da Fundação Casa são dependentes de drogas ilícitas, indica levantamento exclusivo feito a partir de dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação pelo SPTV. Os dados se referem às unidades em todo o estado de São Paulo.

    Maconha é o problema da maioria (79%), seguido por cocaína (22%). Um percentual menor, 9%, tem problemas com as drogas inalantes, como lança-perfume e cola, e 1% com crack.
    Procurada, a Fundação Casa disse que os internos têm acesso a atendimento médico, dentário, de enfermagem e psicossocial.
    Uma vez por semana, um psicólogo do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod) se reúne com os internos da unidade Bom Retiro. Voluntários dos Narcóticos Anônimos também orientam os adolescentes, dividindo suas experiências.
    Os adolescentes dizem que conseguem ficar sem a droga dentro das unidades. “Não dá vontade porque não tem”, disse um adolescente. “Aí você tem que se adaptar ao ambiente. Porque, se ficar pensando na droga, vai vir depressão, fica desnorteado. Aí fica aqui e faz atividade, a gente tem escola, curso.”
    Questionado sobre o temor em voltar às drogas, o jovem respondeu: “Medo eu tenho, mas aí vai por mim, né? Tenho uma mente melhor, mais pensativa. Vou ouvir mais minha mãe e seguir o caminho certo.”
    Outro interno, de 19 anos, disse que também vai lutar contra o vício. “Na hora que eu sair daqui, eu pretendo tentar parar com esse vício, pretendo mesmo. Mas eu vou tentar, né. Vou falar que eu vou parar de um dia para o outro que é meio difícil.”
    Para o psiquiatra forense Quirino Cordeiro diz que o atendimento na Fundação Casa é importante, mas é preciso fazer mais. As abordagens na área de saúde mental precisam ser bastante amplas. Elas não podem ser restritas”, disse. “Não dá para a gente pensar em agir só depois que o indivíduo se envolveu com o mundo do crime. A gente precisa ter uma ação preventiva. Oferecer uma rede de assistência apropriada aos menores de idade que apresentam quadro de dependência química.”

    Fonte: Globo.com