• 14 OUT 14
    Derivado da maconha melhora qualidade de vida no parkinson

    Derivado da maconha melhora qualidade de vida no parkinson

    Jornal Folha de S. Paulo

    CLÁUDIA COLLUCCI DE SÃO PAULO

    (imagem reprodução)

    Um novo estudo da USP de Ribeirão Preto demonstrou que o canabidiol (CBD) é eficaz para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar geral de pacientes com a doença de Parkinson.

    O trabalho foi publicado no “Journal of Psychopharmacology”, da Associação Britânica de Psicofarmacologia.

    A pesquisa avaliou durante seis semanas 21 pessoas com diagnóstico de doença de Parkinson, sem demência ou problemas psiquiátricos.

    Elas foram divididas em três grupos: um recebeu placebo (óleo de milho), o outro recebeu 75 mg de CBD por dia e o terceiro 300 mg -ambos dissolvido em óleo de milho.

    O estudo foi duplo-cego, ou seja, nem os pacientes nem os profissionais que os acompanharam sabiam a que grupo cada pessoa pertencia.

    Esse é o primeiro estudo desse tipo usando o CBD em pacientes com Parkinson, de acordo com o médico José Alexandre Crippa, da Faculdade de
    Medicina de Ribeirão Preto da USP, um dos coordenadores da pesquisa.

    O canabidiol foi fornecido em forma de pó, com 99,9% de pureza, por uma empresa alemã. “Não havia nenhum traço de THC [substância responsável pelos efeitos psicoativos da maconha]”, afirma. No período em que usaram o CBD, todos os pacientes e seus familiares relataram melhoria de vários sintomas (motores e não motores), em diferentes escalas.

    “Isso foi significante para os que receberam 75 mg de CBD por dia e ainda maior para os que receberam 300 mg por dia.” No grupo que usou placebo, não foi relatada melhoria dos sintomas.

    Durante o período do estudo, os doentes continuaram tomando os remédios convencionais para o Parkinson.

    Crippa explica que outra vantagem do composto foi a ausência de efeitos colaterais, como alucinações, náuseas, delírios e complicações motoras, observados nos medicamentos tradicionais.

    Também não foram relatadas variações de humor comuns em quem utiliza remédios para controle dos sintomas não motores da doença, como depressão e ansiedade.

    Crippa diz que ainda não é possível saber se, após o estudo e, consequentemente a interrupção do uso do CBD, os pacientes voltaram a apresentar os sintomas de antes.

    Segundo o médico, outros estudos já demonstraram os benefícios do CBD em pacientes com Parkinson, o que justificaria a autorização da sua prescrição pelos conselhos de medicina e pela Anvisa.